Hoje esteve chovendo o dia todo. Eu amo chuva! É prazeroso
sentir a água límpida, que desce, lavando a tudo e a todos, as vezes é bom um
banho de chuva. As vezes é bom lavar a alma, os ditos “pecados”, as dores, os
amores ingratos e insensíveis...
Penso que não há nada melhor que esvaziar-se de tudo, e nada
como a água da vida para fazer isso. Caminhamos sobre pedras pontiagudas,
carvões em brasa, pedriscos que penetram nossa pele dos pés, e nos vão ferindo,
às vezes com grandes cortes, às vezes pequenas fissuras, mas que doem demais. É
como cortar a pele com papel....
Algumas dores vão se acumulando em nós, pequenas mágoas,
fissuras doloridas uma ao lado da outra até se tornar uma ferida incurável. E
nos tornamos pessoas doentes e infelizes, hipócritas, tristes e incapazes de
sair na chuva, de lavar todas as feridas e seguir em frente.
Esquecemos que a decisão de caminhar sobre essas pedras é
nossa, damos cada passo e apesar das feridas recebidas, continuamos passo por
passo.... Falta-nos a coragem de dizer não, de pensar primeiro em nós. E a cada amor vivido
as feridas vãos ficando maiores e maiores, até o ponto em que se pensa que não
há mais retorno, que este é o único caminho, e nos enganamos pensando que isso
nos faz feliz....
Aí me ocorre uma máxima de Isabel Aliende: 1º não é pessoal,
2º ninguém é responsável pelos sentimentos do outros, 3º a vida não é justa;
Tudo acontece por uma razão, talvez determinada pelo
universo, a nós cabe somente viver, seguir em frente e acreditar, que as dores
com o tempo vão embora, e as feridas se curam e se tornam apenas cicatrizes, e
que a felicidade é antes de tudo uma postura pessoal.